quarta-feira, 21 de agosto de 2013

você foi e eu fiquei.

Cheguei em São Paulo e, como havia imaginado, não fazia Sol. O céu estava nublado. Fazia frio. Cheguei em casa, cansada. Mas mesmo assim eu saí. E é como se saísse já sabendo. Sabendo de tudo que viria. Apenas a ansiedade de chegar o pior. Fui até aquele lugar, onde a fotografia era azul. Tudo azul e frio. Eu vi as pessoas pelo caminho. Sentei no sofá. Conversei com umas ou outras, tentando esquecer o que estava realmente acontecendo. Meu rosto estava salgado, ardia. Depois de algum tempo eu entrei naquele quarto. Eu te vi, mas não te toquei, não consegui falar com você. Estava estática. Naquele momento queria apenas te olhar. Era o que bastava. Eu sabia que você sabia que eu estava ali. Fui embora. Cheguei em casa e sentei no meu sofá. O telefone tocou. Não fui eu quem atendi. E aí a voz ao meu lado me disse tudo que eu não queria, porém esperava ouvir. Toda a ansiedade anterior se havia se diluído naquele momento. Porém a tristeza tomou conta de todo o meu corpo. Tentei dormi. Acho que dormi. Acordei com um peso na cabeça, com o corpo doente. Meu corpo não queria levantar, nunca mais. A dor era física. Mas eu consegui, eu saí dali. E eu fui novamente para uma nova viagem. Fingindo não sentir o que sentia, fingindo rir, e rindo realmente. E chegando lá com aquele grupo de pessoas, senti que todos sentiam o mesmo que eu. Todos choravam por dentro, choravam dentro de si, por sua juventude perdida naquele momento. Aquele momento em que nos dávamos conta da finitude de tudo. Da certeza que não éramos tão invulneráveis ao fim. Ele chegaria mais cedo ou mais tarde. E foi mais cedo. Não o nosso, mas o seu. Mas um pouco nosso, porque morreria também um pedaço de cada um de nós. Eu não queria te ver aquele dia. Mas senti que deveria. Eu vi você indo, indo embora, pra sempre. Você foi e eu fiquei. Eu estou.

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