terça-feira, 28 de maio de 2013

das coisas que ela não conta.

    Júlia escrevia tudo em seu diário, todas as coisas do mundo. Quando o sol aparecia, ela via e escrevia. Quando a lua chegava, ela via e escrevia. Quando sentia o gosto de café com leite, ela sentia e escrevia. Quando sua mãe lhe contava histórias, ela ouvia e escrevia. Quando seu pai não vinha, ela sentia e escrevia. Quando ganhava um brinquedo, ela se alegrava e escrevia. Quando sua avó lhe fazia um bolo, ela comia e escrevia. Quando brigava com seu irmão, ela sentia raiva e escrevia.
   Mas Júlia não escreveu todas as coisas do mundo. Muitas das coisas ficaram jogadas pelo quarto quando o sol e a lua chegavam. Jogadas pelo ar quando sua mãe lhe contava a história. Jogadas nas ruas quando seu pai não vinha. Jogadas na estante quando ganhava um brinquedo. Jogadas na forma quando sua avó lhe fazia um bolo. Jogadas no espaço quando brigava com seu irmão.
  Era apenas Júlia.



P.R

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