quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Desabafo


Se eu disser que não escuto o que as pessoas dizem por aí nas filas e parques, seria uma grande mentira, afinal, vamos assumir, não há nada mais revelador que conversa alheia em espaço público.
Ela respirava fundo, parecia nervosa, sentada com as pernas cruzadas em cima do banco, olhava para os lados, checava o celular e nada parecia lhe trazer alívio.
Longos e longos minutos se arrastaram, para ela, pelo menos, e finalmente ele chegou. Mas não que ela tenha ficado menos apreensiva ou aliviada, só que ela mudou, tentou esconder a felicidade ao vê-lo, até que teve sucesso.
Ele sentou sem cerimônias ao lado dela, sorriso inocente no rosto. Então ela começou:
- Por quanto tempo mais posso surportar suas desculpas? – o menino perdeu o sorriso, ela não parou  – Quanto tempo mais me deixará nessa vida? – ele tentava falar, ela não deixou  – Pensa mesmo você que está isento de culpa? Que tudo gira a sua vontade? – ele já não sabe o que fazer, ela endurece em meios as lágrimas que tenta conter – Quanto tempo mais você quer desperdiçar de mim? – ele? Assustado, ela cresce – Me diga quanto! Que lhe entrego agora tudo de uma vez, despedaço meu coração, assim, numa tacada e lhe dou todos os pedaços. Faça bom uso – ela levanta – E lembre-se que não lhe darei mais nada – ela vai embora.
Não sei se ele fez bom uso, se ela recuperou os pedaçou ou nada. Mas às vezes ainda o vejo por lá, celular na mão.  Vendo isso me pergunto quantas vezes naquele banco não foi ela que ficou. Bem que ele podia ligar e me contar o fim da história.

MR

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