domingo, 2 de agosto de 2015

Uma História. Depois a gente pensa em algo melhor...

Era uma vez, num reino qualquer, uma caneta que, dizem, era mágica. Essa caneta há muito estava perdida e ninguém tinha qualquer ilusão ou expectativa de encontra-la Quer dizer, qual é?! Uma caneta mágica perdida e NINGUÉM tem "ilusão ou expectativa de encontra-la"?! Me poupem! Deixa comigo!  
Era uma vez num reino qualquer uma caneta que, dizem, era mágica. Essa caneta há muito estava perdida e ninguém tinha qualquer ilusão ou expectativa de encontra-la, exceto uma pessoa. Agora melhorou, pode seguir! 
Essa pessoa era... Linda! Maravilhosa! Muito valente e astuta!... como queira. 
Essa pessoa possuía beleza inigualável, Gosto disso! sua valentia e esperteza já eram famosas. Pode me chamar de Ari Onde quer que Ari fosse procurava aventuras e é assim que nossa história começa. Minha história você quer dizer! Bora lá! 
Ari chegou a esse reino sem pretensões além de descansar após sua ultima aventura, porém... 
- ... Dizem que é mágica! - Ari ouviu o Bêbado dizer ao taberneiro. 
- Mas que bobagem! - respondeu o taberneiro - Isso é história pra criança dormir, Augusto! 
- Dizem, não dizem? - retrucou o Bêbado. 
- O que dizem? - se meteu no meio Ari. Hey! Não sou fuxiqueira! 
- O que dizem? - indagou Ari curiosa. 
- Ah, valente Ari, não ligue para o que o Augusto diz! É só um velho bêbado - tratou logo de responder o taberneiro. 
- Mas aí que quero mesmo saber! Bêbados não tem muitas habilidades de mentir e são desacreditados, serão sempre as únicas testemunhas vivas de algo que se exige silêncio e segredos. Conte-me seu Augusto! E mais uma rodada por minha conta! 
O Bêbado Ele tem nome já! Poxa! 
Seu Augusto então contou que havia uma rainha muito querida por todos, mas que ficou terrivelmente doente. Quando não havia mais esperanças, em solidariedade, um escritor prometeu escrever uma história, pois se na vida real já não tinham mais chances, pelo menos ela poderia viver para sempre em sua história. Nossa ein! Que cara legal... 
O escritor pensou e pensou, mas tudo que conseguiu escrever naquela noite após a promessa foi Então a noite, quando todos estão quietos, uma luz ilumina o quarto da Rainha e tão rápido ela brilha, mais rápido ela desaparece. E quando o sol surge, surge para a Rainha vida". E para sua grande surpresa esse foi o relato dado pela rainha em resposta para a sua cura milagrosa. 
- O escritor manteve segredo até a sua morte ou pelo menos foi o que ele pensou, pois alguém soube e alguém testou a caneta! Pense em todos os ricos sem explicação, as colheitas fartas em tempos difíceis! Nunca são vários é sempre um indivíduo ou uma família que tem a sorte grande! Essa caneta existe! - Terminou o Bêbado ? Bêbado quem? Augusto. 
- Alguma pista de seu paradeiro? 
- Não. Nenhuma. 
- Eu disse que era bobagem! Ah, pera aí, como vou ter uma aventura assim? Dê alguma pista! Você deve saber de algo, vamos lá! 
- Bom, dizem que a família Caprezzi foi a ultima a possui-la, mas que levaram o paradeiro da caneta pro tumulo! -  Augusto finalizou satisfeito. 
- Eu disse que era bobagem! O ultimo Caprezzi morreu há mais de cem anos! É fácil inventar qualquer coisa. - Finalizou satisfeito o taberneiro.  
- Agradeço a história seu Augusto, mais uma por minha conta... e taberneio, poderia me dizer onde fica o solar da família CaprezziAh, agora sim vai ter história! 
Ari vai ao majestoso e imponente solar dos Caprezzi e lá procura pelo cemitério da família. Ai! Que mórbido! Espero que tenha um bom motivo Finalmente encontra o túmulo de Arthur CaprezziTá, e daí? 
Finalmente encontra o túmulo de Arthur Caprezzi, então pega a pá que trouxe consigo e começa a cavar. Arrgh 
Dentro do caixão, junto com os ossos do ultimo Caprezzi e suas roupas, Que nojo Ari vê um bilhete que diz: 

"Não está comigo o que procuras. 
Tenhas cuidado! Não vá atrás da caneta! 
Fada Perez a guardará em segurança 
A.C"  

Fim.  
Oi? Como assim?! Nada feito! Me leve até essa fada já! Dá seus pulos! 

Ari já havia encontrado Fada Perez em uma de suas tantas aventuras e sabia exatamente porquê deveria ter cuidado, mas ela não se deteu Gostei disso e foi aos domínios da Fada. 
Ao chegar ao grande portão Ari gritou: 
- Fada Perez! Fada Perez! Tens algo que quero e eu algo que queres! 
Os portões se abriram tão somente o suficiente para que Ari o atravessasse e se fechou. Ari seguiu o caminho indicado por luzes brilhosas, caminho que ela sabia, a levaria até a Fada. 
Chegando a uma árvore de tronco dourado  e folhas de esmeralda, Ari parou e logo ouviu: 
- O que queres? 
- A caneta do Caprezzi - logo Ari respondeu. 
- O que tens? 
- Minha boa vontade de obedecer há uma só ordem sua. 
- Pois bem, se mate e terás a caneta! 
Quê?!?!?! Tá doido? Pede outra coisa! 
- Pois bem, me faça um favor e terás a caneta! - só depois de dizer isso Fada Perez se revelou deitada nas raízes da árvore com uma cara angelical, mas com uma postura soberba. 
- Diga-me o que queres! 
- Ora, como já somos amigas - sua voz era adocicada com um fundo ácido. - acho que posso pedir algo pessoal. 
- Tudo o que quiseres, Fada Perez! Valorizo sua amizade. Ari que vendida! Mas aposto que é um truque! Né? 
- Pois bem, pois bem, vá a montanha Circular e me traga minha echarpe de céu! 
- Queres tua echarpe? Essa é vossa ordem? 
- Sim! Pois vá! 
Ari então mexe em sua bolsa-tira-colo e de lá puxa uma echarpe tão azul quanto o céu. 
- Aqui está. - Ari oferece a echarpe para a Fada. 
- Mas... você não... 
- Ora minha amiga! Como boa amiga que sou já sabia que querias vossa echarpe e a peguei antes de vir! Agora a caneta! Sabia que eu tinha tudo planejado! 
Fada Perez se contorceu de raiva, sabia que havia perdido essa rodada. Assim que eu gosto! Deu a caneta e pegou a echarpe. 
A ultima coisa que Ari pensou ao ir embora foi sobre sua esperteza ao recolher a echarpe azul do túmulo de Arthur Caprezzi Eu fiz isso? Jura? Ok né... que coincidência ela pedir algo que eu achei num túmulo, mas segue aí. 
Dizem que Fada Perez ainda espera Ari para vingar-se e Ari Bom, acho melhor não dizer, manter segredo, não quero essa Fada na minha cola. 
Dizem que Fada Perez ainda espera Ari para vingar-se. Não se ouviu falar mais de Ari, nem mesmo seu Augusto ou o taberneiro, mas eu sei que ela está por aí nas suas aventuras. É isso! Gostei! Pode acabar! 




Fim.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

um mal crônico.



      Cecília sentiu-se mal ao adentrar à sala, Tentou escorar-se no batente da porta. Logo todas as pessoas presentes se levantaram para amparar a moça. A fizeram sentar em uma cadeira e lhe deram água. Cecília, ainda zonza, tentou acalmar a todos dizendo que estava bem. A reunião prosseguiu e se estendeu até o fim daquela tarde, quando algumas poucas pessoas foram até Cecília para saber se estava bem.
       Na manhã seguinte, Cecília levantou-se com o sol. Vestiu-se vagarosamente e depois tomou seu café apreciando cada gole. Pegou o taxi na frente de casa.  O dia estava quente, o sol batia diretamente em Cecília. Suava e tentava se abanar com as mãos. Finalmente desceu do taxi e tocou a campanhia da casa de sua avó Doralice. As duas aproveitaram a tarde para tomar chá e fazer fofocas. Até mesmo Inácio, seu avô, que há muito não desgrudava do rádio, participou da tão agradável conversa. Cecília despede-se de seus avós e parte ao encontro de uma amiga na doceria no centro da cidade.
      Cecília e sua prima Gabriela discutiram assuntos de família, principalmente sobre o marido de Gabriela, que, segundo ela, estaria tendo casos extraconjungais há meses. Mas de qualquer maneira, Gabriela não ousava deixar o marido, por quem era, ainda, perdidamente apaixonada, mesmo após anos de traição e descaso. Cecília, Apesar de não concordar com a prima, apenas sorriu e concordou, Cecília decidiu ir andando, já que morava há poucos metros da doceria. No meio do caminho sentiu uma vertigem, mas continuou andando, o mais de pressa que podia, para casa. Chegando em casa sentou-se no sofá e sentiu-se aliviada.
       Na manhã seguinte, Cecília levantou-se com o sol. Vestiu-se vagarosamente e depois tomou o seu café apreciando cada gole. Sentou-se em frente e a TV e assistiu se distraiu-se. O sol batia diretamente em Cecília. Suava e tentava se abanar. Foi até a cozinha bebeu um copo d'água gelada. Sentiu-se bem.
       Durante a noite mal conseguia dormir com o som de carros e pessoas passando pela rua.
       Na manhã seguinte, Cecília não se levantou com o sol. Não vestiu-se. Sentia-se mal e já era crônico.
     

Paula Raia.

domingo, 5 de outubro de 2014

Alguém Na Escuta?

Oi? Alô? Alô? Estão me ouvindo?
Qualquer um... Alô?
Acho que o pessoal lá trás... Estão ouvindo?
Da pra aumentar um pouquinho?
Alô? Teste. Alô. Acho que agora foi. 
Vocês ai da esquerda, tá chegando ai?
Pessoal aqui da direita, tudo certo?
Por favor, só escutem. Acho que não estão ouvido. 
Alô?
Vocês escutam ai da frente?
Escutem. 
Aumenta o volume mais um tanto, por favor. 
Não tá funcionando? Será que alguém pode resolver aqui?
Aqui, acho que tá quebrado. Alguém?
Oi? Alô?...

MR

terça-feira, 23 de setembro de 2014

a cidade que me pariu.

sempre ouço falar de como São Paulo acolheu ou expulsou um ou outro forasteiro.

mas e de sua cria, o que São Paulo fez?
aqui nasci e vivi por grande parte da minha vida, a parte mais importante.

só meus dias maiores podem ter sido vividos aqui,

porém, cada vez mais, me sinto expulsa da cidade que me pariu.
ando por essas ruas, que um dia pisei firme
e decepciono a mim mesma
acelerando meu coração a cada passo
e do do metrô que um dia me fez orgulhosa
hoje sinto medo

medo de cada passo na avenida paulista
se uma buzina destoa do que costumava ouvir

medo do medo de ter medo
e de andar por essa cidade que um dia me pariu.

Paula Raia,

sábado, 2 de agosto de 2014

o tempo

já faz quase um ano. e eu gostava tanto de você (gosto pra sempre). um dia desses sonhei que você estava com medo de morrer. esse medo é  meu, é nosso, é de todos. e esse medo também é o que eu sinto de mim mesma, por isso escrevo sempre em letras minúsculas; pra não sobressair nem uma nem outra vogal ou consoante, afinal é de todos. eu escutei de novo aquela música e entendi o que ela queria me dizer. não era nada daquilo que me dizia há um ano atrás, mas ainda assim era a mesma coisa. é só que eu não queria entender antes. ver que o tempo é necessário. e o tempo e o vento, sim o vento também, os dois, te levam onde nunca imaginarias estar. e contando com a inexistência do tempo e a inconstância do vento, podemos ir pra onde quer que seja. acreditando que isso seja, supostamente, a verdade do universo, podemos sempre estar e fluir. você fluindo pelo cosmo, e eu, apenas estando aqui e agora. um bom final sem letras maiúsculas, travessão, aspas, espaços para parágrafos, nem muito menos um ponto final



Paula Raia

terça-feira, 29 de julho de 2014

nunca

é que de mim mesma
nunca fui amiga
gostaria que a rua
me levasse
com ela
(eu) esperando que ela
nunca me leve a mim.

Paula Raia